2016 ArteYinYang PointEstamos vivendo um momento tenso, polarizado, de extremos, sem diálogo nem tolerância, tem os a favor, que já foram contra, e os que foram até ontem a favor. E nessa roda de oportunistas, tem de tudo.
Tem quem já foi oposição e virou situação, e que volta para o lado do giz, riscado na rua, da oposição.
E tem quem era situação, nem fez oposição, e que se encheu, saiu às ruas e hoje nem é uma coisa nem outra.
O amor tem razões que a própria razões desconhece. A política tem razões sem razão nenhuma.
Tem quem passou os últimos 13 anos apoiando um partido cheio de corruptos e indiciados de estimação, e que não suporta os corruptos e indiciados que estão do lado contrário.
Tem quem não consegue se olhar no espelho e perceber os seus próprios defeitos, mas consegue apontar o dedo em riste relacionando o que acha ser defeito nos outros.
Tem quem sai esperneando enfurecido que no novo ministério, de um governo tampão que como bombeiros de exceção vão tentar amainar um incêndio que muitos deles são responsáveis, apontando o absurdo de ter sete investigados pela justiça. Mas esquecem do fato de que no governo que sai pela porta dos fundos, o número de ministros investigado chegou ao total de 21. E as trocas nos ministérios a 81 em 5 anos.
Mas tem quem entende que a escolha feita de emergência foi política, com a intenção de juntar pessoas capazes, que possam apagar ou diminuir o fogo o mais rápido possível, e que atendesse os partidos nessa coalizam, até que novas eleições sejam promulgadas.
Tem quem está contando as horas do novo governo no ar e já mandou o sarrafo que na equipe não tem negro, índio, mulher, o que significa discriminação.
E tem quem sabe que o quadro ainda não está fechado, e que as mulheres, os negros, os índios, os indigentes, os sem tetos, os sem time de futebol, podem muito bem ser bem representados por seres humanos conscientes, dignos, sejam eles brancos, negros, índios ou o que for. Basta ser honesto e trabalhar pelo coletivo, e não pelo saldo na sua conta bancária.
Tem quem está com o único objetivo de ver montado um ringue UFC, de fomentar o confronto de classes, de gêneros, de religião, de origem geográfica. A turma do quanto pior, melhor, para justificar que o que era não deveria ter saído.
E tem que está apenas lutando, protestando, se movimentando para que algo seja feito, porque como estava não dava para ficar. E na medida em que uma mudança aconteceu, apoiar e desejar boa sorte a quem está na linha de frente. Que pode não ser a escolha que faria, mas é o que temos para tentar superar essa fase.
Tem quem tenta a beleza eterna.
E tem quem busca se eternizar pelos seus atos.
Tem quem só sabe apontar os erros dos outros, como o absurdo de cancelarem o Ministério da Cultura. Mas que nunca admite que erros sucessivos foram o motivo para o país estar na lástima deste momento.
E tem quem sabe que é preciso desinflar a estrutura, e que a pasta da Cultura não desaparece ao ser agregada ao Ministério da Educação. Sacrifícios devem ser feitos e dores serão sentidas, para que o corpo não morra, para que cada um de nós se beneficie.
Tem quem chegou a dizer que não havia crise, apenas uma marola.
E tem quem já sentiu na pele a falta de emprego, a falta de perspectivas, a falta de esperança. E sabe que o país está em frangalhos, quebrado, em colapso.
Tem quem passa a vida se espiritualizando e quando chega a hora comete os mesmos preconceitos, agressões de quem só sabe acusar.
E tem quem coloca em prática o que aprendeu. Quem demonstra equilíbrio, solidariedade, sentimento coletivo.
Tem quem tem, e tem quem não consegue ter porque tem o coração pequeno, mixo, doente, pobre, cego.
Aí, não dá é para ter saco com quem se apossa de fiscal da verdade, da democracia e da integridade moral e foi terrivelmente benevolente com os responsáveis por termos chegado nesta situação.
Tem quem tem. Eu não tenho.